segunda-feira, julho 31, 2006

Carlos DACRUZ

Carlos DACRUZ é conterrâneo de importantes artistas da efervescente geração dos anos setenta e oitenta. Décadas frutiferas para as artes goianas. Dividiu criatividade com nomes como: Roos, Amaury Meneses, Gomes de Souza, Omar Souto, Iza Costa, Cléa Costa, M. Cavalcanti e tantos outros que aprendiam com os mestres: D.J. Oliveira, Cleber Gouvea, N. confalloni e Gustavo Ritter. Claro, todos iluminados pelo brilho de Siron Franco.
Começou a expor em 75, lá se vão 30 anos de embate entre a arte e a vida, confundindo uma com a outra, pagando o preço que pagam os que desviam do caminho pronto e traçado. Nesse tempo, perdeu a conta de quantas exposições fez. De quanto ganhou e de quanto pagou para ser um artista. Sofreu, ao descobrir que a arte é um ente ciumento que cobra atenção e dedicação, uma amante carente que persegue os criadores em seus pensamentos mais íntimos. Sua paleta grita em tons alegres, escondendo a angustia exibida em árvores, montes, casas e família voando pelos ares, dançando ao acaso pela superfície da tela. São temas autobiográficos. Dacruz, em certo momento de sua vida viu conquistas sólidas voarem surréalisticamente de suas mãos, época em que bebeu seu próprio coração.
Artista intimista de um virtuosismo barroco mesclando a contemporaneidade dos coloristas aos sentimentos dos poetas que se encantam com o que os olhos alcançam. Retina que filtra tudo enquadrado, composto, pronto para ser pintado. Trabalhador meticuloso, lento como se movesse ao contrário do tempo. Emoção pura, não precisa ser rotulado, é pop no comportamento e um velho hippie em sonhar com a paz e com o amor.
Acreditando na arte como redenção, insistindo em ser um ser útil na lúdica opção que fez na vida, vagueia pelas ruas de Goiânia um artista que fez um pacto com o belo e que encara de frente um mundo cada vez mais amigo dos bandidos.


Gomes de Souza
Jan. de 2006

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