terça-feira, agosto 29, 2006

Série: A FLORESTA E SEUS SEGREDOS




Chapadões goianos - Acrílico sobre tela - 1,00 cm X ,80 cm
2006 - Goiania - Go




Paisagem metafísica - 1,20 cm X ,70 cm A.S.T. Marinwood - CA - USA. 2005



Chapadões goianos 2 - Acrílico sobre tela - 1,00 cm X ,80 cm
2006 - Goiania - Go


Série: A FLORESTA E SEUS SEGREDOS

segunda-feira, agosto 07, 2006

E N T R E V I S T A


27/04/2001

"Tudo que vejo, ouço, leio, sinto, bebo e como me influencia"
O site do mercado cultural orgulhosamente apresenta: Gomes de Souza
Por: Leonardo Rodrigues

Críticas. Bem humoradas. De vanguarda. Essas são algumas das expressões que podem permear quaisquer insuspeitas observações sobre a arte do inquieto garoto de São José de Mossâmedes - Goiás, José Antônio Gomes de Souza, nascido em 1955.
Garoto sim! Afinal ele fala "meio de brincadeira", tem "uma banda de rock", quer se "divertir", ocupar-se "de algo prazeroso, próximo da vadiagem", e fazer "história em quadrinhos"
Para quem ainda não ligou o nome a pessoa, o Gomes de Souza é o (i)responsável pelas não despercebidas ilustrações - com cara de brincadeira de recortar revistas - que estão enriquecendo as "páginas" deste site desde o último doze de abril.
O artista mudou-se para Goiânia aos dezessete anos - quando já somava onze anos de labuta - para terminar os estudos colegiais. Envolveu-se com movimentos culturais, conheceu pessoas ligadas à literatura, música e artes plásticas. Em 1975, começou a consolidar sua aproximação da "vadiagem", montou com Carlos Dacruz um estúdio de pintura, iniciando suas pesquisas e aprendizagem da arte de pintar.
Passa a conviver com Nazareno Confalonni, D. J. Oliveira, Iza Costa, Cleber Gouvea, Siron Franco e Juca de Lima. Lá está o Gomes entre os originais artistas que despertam o interesse da crítica e do mercado nacional - ele é um deles.
Em 1997 e 1998 nosso "garoto" faz arte em espaços públicos. A Assembléia Legislativa de Goiás tem o Gomes, em parceria com M. Cavalcanti, numa série de painéis sobre a mudança da capital de Goiás Velha para Goiânia. A dupla se repete em outros painéis, desta vez na Câmara Municipal de Goiânia.
"Objetos do Riso" a história em quadrinhos que virou romance também saiu em 1998 – escritor, outra face do inquieto. No ano seguinte, o artista já pode filosofar com aval do canudo, formou-se na arte de Platão pela Universidade Católica de Goiás.
Para entrar em contato com o Gomes de Souza, o e-mail é: gomessemog@brturbo.com.br Quisemos saber mais sobre o Gomes. Na sequência, você degusta outras hístórias e idéias do novo colaborador do site do mercado cultural.

Pensarte - Quais são suas influências?
Gomes - Falo meio de brincadeira, que o artista é feito dos sentimentos mais baixos e mesquinhos que possui o homem. É fundamental para o artista ter inveja, vaidade, orgulho, egoísmo, prepotência... e, nessas baixarias todas, Picasso era um mestre. No Brasil o que me emociona plasticamente são as escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. O resultado estético é sem igual, sem falar no universo humano atrás de cada carnaval, é como se fosse uma pintura, uma pintura viva, com coreografia, som e cheiro, feita por um número muito grande de artistas, conhecidos e anônimos. E o que é mais doido, pra tudo acabar na quarta feira.
O desfile no sambódromo é a materialização do que Heidegger chamou de a autonomia da obra de arte, onde o artista tem que se anular para que a obra possa brilhar em sua plenitude, sem a contaminação do autor. Penso que em artes plásticas, a figura do grande ídolo, mestre, gênio que vigorava em nosso meio está desaparecendo. Eu, particularmente, gosto de uma gama muito grande de expressões, meu gosto se diversifica cada vez mais. E tudo que vejo, ouço, leio, sinto, bebo e como me influencia com toda certeza.

Pensarte - Você segue algum estilo ou movimento?
Gomes - Meu trabalho é uma colagem de vários estilos e mídias; gosto de pintar, de escrever, tenho uma banda de rock onde canto e componho. Sei que estas atividades por mais diversas que sejam, se interagem e integram, a metafísica do objeto poético é a mesma em todas as expressões artística, o que muda é a técnica e a técnica é exercício. Para os gregos a arte se misturava com a técnica. Do século dezoito para cá, a arte deixa de ser representação e passa a ser expressão, liberando o artista do virtuosismo técnico, distanciando-o do artesão

Pensarte - Quais técnicas você usa?
Gomes - Então, eu falava de minha tendência às experimentações. E, o que é legal no novo é o desafio do material, do instrumental. É como se fosse mais prazeroso aprender a tocar o instrumento do que fazer um concerto. É o encantamento da descoberta. Atualmente estou em lua-de-mel com os "Webarts" que estou produzindo para o Pensarte. É uma coisa maluca demais, as possibilidades que o computador, enquanto ferramenta, me dá. Ele amplia fantasticamente minha visão. Para produzir estas imagens, me transvisto em fotógrafo, em escultor, em pintor, em desenhista em artista performático, vez que, sou perfomático quando aventuro em uma mídia high-tech. Fotografo ao operar o scaner que irá reproduzir o trabalho do escultor que criou os objetos, pintor que cromatizou, que iluminou, que.... Isto, com a comodidade de morar em Goiânia a uns mil quilometro onde o www.pensarte.com.br é editado. Mas, quando se fala em pintura não abro mão do prazer de saber fazer, de preparar minhas telas, criar minhas tintas. Não poderia ser diferente, minhas tintas são misturas de várias tintas. Mais um trabalho no meu trabalho.

Pensarte - Quais são os propósitos do seu trabalho?
Gomes - Me divertir. Tive que trabalhar muito cedo e não gostava do que fazia, minha mãe (dona Abi-Maria) me colocava para vender "puxa" um tipo de doce caseiro horrível. Eu tinha uns seis anos. Depois, aos oito, fui trabalhar em uma oficina mecânica, fiquei ali até os treze. Foi fantástico o mundo da mecânica, enquanto meus amigos brincavam com carrinhos de plástico eu guiava carros de verdade. Depois trabalhei em farmácia, farmácia do interior, onde você é médico, enfermeiro, pacoteiro e caixa. Acredita que já fiz parto? Depois trabalhei como datilógrafo, professor, despachante, desenhista de arquitetura. Mas, sempre com uma certeza: detestava trabalhar. Sempre quis me ocupar de algo prazeroso, próximo da vadiagem, ser artista.

Pensarte - Comente o livro "Objetos do Riso".
Gomes - Sou muito, muito vaidoso com este romance. A idéia inicial era fazer um história em quadrinhos. Eu tinha pronto na minha cabeça como se fosse um filme, com música e tudo. Mas, me sentia inseguro em fazer o texto. Aí propus uma parceria ao Marcelo Queiroz, jornalista e meu amigo. Ao ver as anotações, as idéias, preguiçoso como ele é, me disse: Ah!!!... Gomes você mesmo é que tem que escrever! Escrevi. Só que os textos criaram outras imagens, que apagaram os desenhos. Os textos se fizeram romance e foi publicado com o prefácio do grande escritor José J. Veiga. O livro conta a história de uma dupla caipira, que não é uma dupla específica, é uma dupla imaginária onde exploro os " cliches" que compõem o universo desses artistas. Quem quiser ler o livro que me escreva.

Pensarte - O que você tem feito atualmente?
Gomes - Tenho juntado muitas quinquilharias para criar as imagens para o Pensarte.
É um processo super legal, tenho que ficar atento aos objetos, tentando ver outros sentido neles, fazendo outras leituras. Por enquanto estou limitado ao tamanho do scaner, esta me fazendo falta uma câmera digital. Também estou escrevendo um outro romance, e gravando um CD com minha banda a "The Rugas"

Pensarte - Você tem experiência em ilustração de textos? O que pensa sobre este trabalho?
Gomes - Em 1978, quando deixei meu último trabalho (o de desenhista de arquitetura), com o propósito de viver exclusivamente de arte, tive que ampliar meu leque de ações, foi então que fiz: capas de livros, ilustrações, retratos, quadros que atendessem ao gosto de uma classe média, aquela coisa de quadro que combina com sofá.
O trabalho de ilustrador é instigante, você tem que transformar a linguagem da escrita em linguagem visual. Tem que criar um símbolo que atraia a atenção do perceptor para a leitura do texto. Gosto de fazer e tenho o maior prazer nesse desafio de trabalhar sobre uma provocação.

Pensarte - Qual sua opinião sobre o Pensarte?
Gomes - Quando o PX. Silveira (Funarte – SP) me falou que o Leonardo Brant (pres. Instituto Pensarte) estava precisando de um ilustrador para o site do Instituto, eu já conhecia a publicação e navegava nela. O Pensarte atende a necessidade que ao produzimos arte e cultura temos em relação a informações. Quase não temos publicações que atendam este segmento. Penso que o Pensarte tem tudo para ser um sucesso também como mídia impressa.

Pensarte - Tem projetos futuros?
Gomes - Que o futuro me seja generoso como tem sido o meu presente e meu passado. E que eu possa continuar fazendo o que gosto, mesmo que para isso, tenha que ficar enfurnado em meu estúdio por quatorze, dezesseis horas por dia
O som das cores


De minha infância, não esqueço as lições de violão que meu pai me dava, e de como ele as ilustrava, recorrendo-se às imagens que se associavam aos sons. O movimento das folhas embaladas pelo vento, misturando gradações dos diferentes tons de verdes, eram escalas visíveis, fáceis de me fazer entender a constância de uma nota e suas oitavas, o verde musgo escuro das folhas de uma mangueira, é o mesmo verde claro que resplandece nas copas de uma cagaiteira, porém vários tons acima. Seu conhecimento empírico de música e pintura era suficiente para me mostrar as tonalidades que se podia conseguir com uma mesma nota e cor. Outras notas, outras cores, a afinação vinha da ressonância entre elas.
Feixes de luz entrecortavam a mata refletida no lago realçando as folhas azuladas das gameleiras; o celeste do céu; o branco das nuvens; os diferentes matizes de amarelo, do vermelho das flores; o roxo do ipê com o branco da flor de ingá. No meio dessa profusão de cores, o meu rosto abaixo do de meu pai. Mesmo com tantos verdes e azuis refletidos na água, o brilho de seus olhos se destinguia, e a visão deles no meio das árvores balançando ao ritmo das marolas provocavam uma incerteza: era eu que olhava para a paisagem, ou era ela que olhava para nós? Me divertia com este jogo lúdico.
Para me mostrar como o som saia do violão e se espalhava no espaço, ele atirava pedras que iam quicando sobre a água, criando ondas que se entrecortavam, agitando as cores das imagens nelas projetadas. O movimento das águas diluía as cenas, criavam uma aquarela sem forma definida. Eu fechava os olhos e imaginava a música como ondas coloridas que nos envolviam e nos deixavam encantados, era como se estivéssemos em um caleidoscópio rodopiando.
A música nos penetra por todos os poros, e faz vibrar todas as moléculas, a beleza do som não está somente no timbre do instrumento ou no virtuosismo do instrumentista, é preciso que o ouvinte também esteja afinado. O mesmo ocorre com a pintura; a beleza de uma obra de arte não é a que nos grita aos olhos, ela é sutil, autônoma; ao artista cabe somente ser o instrumento de sua manifestação, depois se torna contemplador de sua própria obra, e se surpreende com as belezas reveladas.
Meu pai, na sua sabedoria popular, descobrira que a arte não é representação e sim expressão, e que é produto da sensibilidade, da imaginação e da inspiração do artista, sendo a sua finalidade, a contemplação. Para o artista, a contemplação, é a busca do belo e não do útil, nem do agradável ou prazeroso, o belo é diferente do verdadeiro, exatamente por que o verdadeiro precisa ser aferido, precisa ser demonstrado, ou seja é necessário que seja deduzido um particular de um universal, ou inferir um universal de vários particulares através de conceitos e leis. O belo, ao contrário, tem a peculiaridade de possuir um valor universal, sem a necessidade de demonstração.
As aulas de violão que meu pai me dava quando eu era criança, não me transformaram em um músico, mas fizeram de mim um pintor.



Gomes de Souza

Goiânia 14 de Agosto de 1999





The sound of the colors

From my childhood, I will never forget the guitar lessons that my father use to give me. The way he use to teach me these lessons was with images that he would associate to sounds. The movement of the leaves on the trees caressed by the wind, were like visible scales mixing different tones of green, this would help me to understand the concept of a dominate note and its’ eight relative notes. The permanent green in the mango tree is the same sap green that blazes on top of the cagaiteiras trees, but many tones lighter. My father’s knowledge of music and painting were enough to show me the many tonalities of the same color or note. Other notes, other colors, would be in tone as they resonate together.
The trees reflected in the lake were cut by beams that would bring to view the cerulean blue of the gameleiras’ leaves, the indigo blue of the sky, the titanium white of the clouds, the different ranges of yellows and reds of the flowers, the purple color of the ipê with the cermnitz white from the flowers of the ingá tree. Emerging from this profusion of colors there was my face below my father’s face. Even though many greens and blues were reflected in the water I could distinguish the brightness of my father’s eyes. And the vision of them dancing among the trees at the sound of the marolas would instigate an uncertain thought. Was it me who was looking at the landscape or was the scene looking at us? I use to delight myself with this game.
To explain how the sound would come out of the guitar and expand in the air, my father use to throw pebbles on the water’s surface. Those rocks jumping in the water would form a chain of waves agitating the colors of the projected images. The water movements diluted the scenes creating an undefined pallet. I would close my eyes and imagine the music as colorful waves embracing and enchanting us, as if we were whirling in a kaleidoscope.
The music penetrates all of our pores and vibrates all the molecules in our bodies. The beauty of the sound is not only in the timbre of the instrument nor in the virtue of the instrumentalist, it is also necessary for the listener to be in tone. The same occurs in the fine arts. The beauty of a piece is not what jumps at our eyes. The beauty is subtle, it has its own autonomy. The artist is only an instrument that makes the art possible. Once the art is manifested the artist is able to contemplate his own work and then be surprised by the reveled beauty.
My father in his simple way found out that the art is not a form of representation. It is expression, a product of the sensitivity of the artist’s imagination and inspiration, having a gaze as finality. For the artist the gaze, is the search for the beauty and not for what is useful, neither enjoyable nor what is pleasurable. The beauty is different from the truth. While the truth must be demonstrated, asserted, deduced or induced through concepts and laws, the beauty has the peculiarity to hold a universal value, without the necessity of demonstration.
The guitar lessons that my father use to give me when I was a child didn’t make me a musician, but I became a painter.


Gomes de Souza
Goiânia 14 de Agosto de 1999

domingo, agosto 06, 2006


Cabeça Barroca - Terra cota - ,50cm x 50 cm aprox. - Goiânia - Go - BR.
Foto: Lenice Barbosa

sábado, agosto 05, 2006


Anna-Sophia's toys 1 - Acrylic on canvas - 36"x36" - Greenbrae CA - USA.
Foto: Jair Siliva

Percutir - Acrylic on canvas - 53,5"x53,5" - Greenbrae - CA. USA.
Foto Jair Silva


Frida Kahlo listening music - Acrylic on canvas - Marinwood - CA - USA.
Foto Jair Silva


Listening Keith Richards - Marinwood CA - 2005 by Gomes de Souza
Foto: Jair Silva

Fruto Proibido - Bananas e pregos - Goiânia - Go - BR.
Foto montagem - Gomes de Souza

sexta-feira, agosto 04, 2006

GOMES DE SOUZA

Artista neo-expressionista, seus trabalhos têm como catacterística as cores fortes e desenhos gestuais. Imprimindo nas telas vibrações como se pintasse o som e não os objetos, um ouvir com os olhos.

Gomes is a neo-expressionist artist and a main characteristic of his work is strong colors combined with spontaneous gesture draws printing on canvas the vibrations like he paints the sounds and not the objects. A listening with the eyes.


As Agendas de Rober Cortes

quinta-feira, agosto 03, 2006

AS AGENDAS DE RÔBER CÔRTES.

Agendas são umas espécies de diários que podem ser folheadas por outros. Têm por características, serem rabiscadas e desenhadas para anular anotações de compromissos cumpridos ou não, com isso, expõem intimidades do dia-a-dia. Rabiscos aleatórios que acontecem espontaneamente enquanto falamos ao telefone, usamos o banheiro ou anotamos compromissos.
O que tornam as de Rôber especiais, são as qualidades do que estão rabiscados nelas. São desenhos carregados de sensibilidade com abordagens artísticas consciente, de quem tem vivência com a arte, intimidade com a poética das cidades; dos sons acelerados; buzinadas; e dos congestionamentos visuais. São imagens urbanas com movimentos, tensão e stress. Reflexo da vida corrida que Goiânia já impõe aos seus moradores.
Em seus registros, quase sempre feitos com canetas esferográficas, perfis de edifícios disputam espaço com antenas e semáforos. Planos sem perspectivas, uma visão cubista, solitária, árida, sem vida. cenários futuristas que dispensam a figura humana. Como se a vida fosse algo olhado pelo retrovisor, coisa do passado.

Gomes de Souza
março 2006

quarta-feira, agosto 02, 2006

terça-feira, agosto 01, 2006